Laikolina Filomena, Laika para os íntimos, é uma cadelinha catarinense que me achou nas ruas com cerca de 2 meses de idade.
Como a Laika me achou na rua
Estava eu andando sozinha e a pé pelas ruas perto de onde morava na época, vestindo por coincidência uma camiseta com estampa de cachorro. Acho que denunciava minha nada secreta paixão por cães e animais, e ela percebeu. De repente escuto um ganido estratégico. Parei e olhei para o lado, e eis que vejo um pequeno toco de cãozinho barrigudo e sarnento mas mesmo assim inevitavelmente fofo. Ao ver que tinha conseguido chamar minha atenção, o toco de cãozinho voltou correndo para o arbusto de onde tinha acabado de sair. Devia estar fugindo do sol.
Quase instintivamente, lá vou atrás da pequenina sem noção que tinha acabado de sentar em mil formigas e outros insetos afins, para tirá-la de lá e ver do que se tratava.
Um pequeno serzinho precisando de ajuda
Logo percebi que o toco era uma toca, pois era fêmea, e sua barriguinha estava enorme, o que depois soube que era pela existência de vermes. Ela estava até pesada de tão barriguda e também um pouco sem energia. O pêlo tinha falhas no corpo inteiro, o que depois foi identificado como sarna sarcóptica. Dizem que esse é o tipo mais comum e sem origem genética como a sarna demodécica. Na verdade quem disse foi o veterinário para o qual a levei depois.
O que fazer com a Laika?
Em um breve momento de “Ai meu deus, e agora?”, olhei em volta na inútil expectativa de ver alguém procurando por ela ou até mesmo uma mãe cadela procurando seu rebento. Nada. Levantei com o pequeno ser no meu colo, e caminhei em direção à minha casa com um sentimento de “ai meu deus, e agora?” maior ainda. Mas tinha certeza absoluta de que deixá-la lá passando calor, fome e correndo o risco de ser atropelada não seria uma opção.
Um sentimento diferente
Foi um caso de amor fulminante, pelo menos meu em relação a ela. Tentei até ver se alguém a adotaria, pois minhas condições financeiras na época não eram das melhores e eu morava com a minha mãe, que a princípio não queria um cãozinho em casa.
Mas a simples ideia me fez chorar compulsivamente. Eu dizia “Tudo bem, vou ver quem pode ficar com ela” soluçando com força. E isso não acontece com todos os cães que resgato da rua. Já cheguei a localizar os donos de outros cães que estavam perdidos e fiquei feliz quando eles foram embora, pois sabia que eles estavam bem. E é isso que realmente importa. Mas com a Laika foi diferente. Pensar em me afastar parecia ir na contramão da vida. Comecei logo a cuidar da saúde dela, desde o primeiro dia, e ela ficou 100%. E não, não sobrou para a minha mãe.
Essa é a história de como ela me achou. Daí para a frente começamos a ser companheiras inseparáveis. Adoro a presença dela e ela sempre pareceu adorar ficar pertinho também, como talvez todo cão que conheço. E eu não sei o que faria sem esse presente que a vida me deu, aparentemente por acaso.
Fernanda (Direitos Animais)